The Swedish Theory of Love (A teoria sueca do amor) - Filme Documentário.


Olá, Pessoas!
Hoje eu vim falar sobre o filme documentário que assisti recentemente, chamado "The Swedish Theory of Love" que traduzindo para o português ficaria "A teoria sueca do amor".


Aqui está o filme documentário para quem quiser assistir:
OBS: Se você apertar o play e não conseguir assistir, vá até o Youtube e procure pelo nome do filme documentário.



No meu último post, eu indiquei para vocês esse filme documentário. Sei que muitos de vocês já devem ter assistido, mas mesmo assim, eu senti a necessidade de escrever exclusivamente somente ele, pois me tocou bastante e eu gostaria de refletir e compartilhar meus pensamentos com vocês.

Cada um vai entender a mensagem que o filme documentário quer passar de uma forma, obviamente, mas é impossível assistir sem ficar sensibilizado. Isso eu posso garantir.O documentário é bastante triste, mas ao mesmo tempo muito esclarecedor. Me fez pensar muito sobre a minha vida e como o meu conceito de família e relação com amigos é totalmente diferente das que os suecos têm.

No Brasil a família é uma parte importante da sua vida, onde em teoria, um ajuda o outro, tanto financeiramente como emocionalmente, mas por outro lado, é sempre muito difícil compreender profundamente a cultura do outro, por mais diferente que seja da sua, então não me sinto no direito de julgar a cultura de ninguém ou dizer que a cultura de determinado povo é errada, vale a pena somente aceitar que você veio de outra parte do mundo.

Quando eu cheguei aqui, eu não sabia muito sobre os "códigos sociais suecos" e o porque das pessoas serem extremamente "privadas", mas fui me adaptando com o tempo e aceitando que faz parte da cultura local e depois que assisti esse documentário, muito me foi esclarecido sobre a cultura sueca.
Super recomendo para pessoas que planejam se mudar para a Suécia ou que já moram aqui. Será ótimo para entender melhor como funciona a sociedade sueca.

Achei pouquíssimas resenhas/artigos/posts sobre esse filme documentário em português, achei em espanhol e inglês. Todas as que achei interessantes, estão linkadas nas minhas fontes, no final desse post.
Usei alguns trechos das minhas fontes, adaptados ao meu entendimento, e intercalei com algumas opiniões minhas.

Achei realmente uma pena outros blogueiros ou youtubes, que falam sobre a Suécia, não terem falado nada sobre esse filme documentário. Gostaria de ter lido outras opiniões. E fica ai a dica para quem quiser escrever sobre, mas consigo compreender que nem todo mundo quer falar de um assunto tão sério e pesado.

The swedish theory of love é um filme documentário de 2016, dirigido por Erik Gandini, que é meio sueco(mãe) e meio italiano(pai) e que veio morar na Suécia aos 20 anos de idade. Através dos olhos de Erik Gandini, vemos um lado um tanto melancólico e incomum da Suécia.
O filme documentário tem o objetivo de mostrar e criticar o verdadeiro estilo da vida sueco, muito diferente do que estamos acostumados a ver nos artigos sobre a Suécia mundo a fora: um dos melhores países escandinavos para viver. O documentário explora os lados mais sombrios de uma sociedade que criou as pessoas mais autônomas e individuais do mundo, mostrando as consequências, do progresso, da riqueza e da independência: um dos países mais solitários do mundo.


Essa personagem que corre logo no início do documentário, fala que ela e um outro amigo(a), costumam conversar com árvores sobre como eles se sentem e quais seus planos. Que eles sentiam que recebiam respostas de volta, mas não sabiam ao certo o que elas diziam.

Tive que escutar várias as vezes o mesmo trecho pra me certificar que de fato tinha escutado aquilo. Em primeiro momento me deu vontade de rir, obviamente, mas depois pensei no quanto os suecos são ligados a natureza, mas rapidamente me veio a cabeça o nível de solidão de alguém ao conversar com uma árvore e não consegui pensar em nada mais...

Ela fala que é bastante individual a escolha de estar em grupos de pessoas ou encontrar pessoas de vez em quando ou de ficar sozinho. Ela fala também que não sente medo de ter um filho sozinha e que sente mais a falta de ter um filho, do que de ter uma relação com alguém. 

Ela pensa como a maioria dos suecos pensam, hoje, jovens, independentes e donos do mundo, mas acho que poucos deles pensam nas consequências futuras de tudo isso. E as consequências futuras vai ficar por conta de cada pessoa, pois cada cabeça é um mundo.

O documentário começa mostrando que um grupo de políticos suecos, em 1972 se reuniram para definir uma nova ideia para o futuro. Pretendiam criar uma sociedade onde todos fossem iguais e independentes um dos outros, libertar as mulheres dos homens, os idosos por crianças e adolescentes dos pais. O resultado dessa estratégia conduziu à solidão generalizada. 40 anos após o manifesto “Familjen o Framtiden - en Socialistisk familjepolitik “ provou ser uma emancipação sombria regressiva. Nascemos sozinhos, vivemos sozinhos, morremos sozinhos. Olof Palme foi um dos pilares da Social-democracia sueca. Ele reformou o sistema de pensões, subsídios e formas de apoio estabelecidos: a autonomia individual.

 
No filme mostra também o "mapa cultural do mundo" e a posição da Suécia e do quanto o país já era individual.



A segunda parte do filme mostra o quanto tem sido comum, mulheres solteiras recorrem a bancos de sêmen para engravidar, sem a necessidade de um companheiro. Está se tornando cada vez mais comum que uma mulher solteira na Suécia, busque por iniciar uma família sem desejar os encargos, responsabilidades e a permanência da parceria romântica e sexual. 




A terceira parte do filme pra mim é a mais triste, mostra a solidão dos idosos que vivem nos asilos e que dificilmente recebem visitas dos seus parentes ou amigos. Esses idosos que muitas vezes tentam entrar em contato com seus familiares, mas não obtêm sucesso, pois os familiares não fazem questão de manter contato com eles.


Contam que um homem foi encontrado morto em seu apartamento depois de três semanas, pois os vizinhos reclamaram do mal cheiro. 

Outro caso triste foi a história de um homem que morreu (se suicidou) em seu apartamento e só foi encontrado dois anos depois por "assistentes sociais".
Suas contas eram pagas automaticamente pelo banco (autogirotjänsterna) e os vizinhos em volta, não notaram a sua falta, pois é muito comum aqui as pessoas manterem a sua própria privacidade e uma distância miníma um do outro, então é difícil se tornar intimo de um vizinho. As pessoas não saem na rua se não for absolutamente necessário, eles não pedem por companhia para um vizinho. Vivem solitários atrás de suas portas fechadas.


Existe uma parte do documentário também, que mostra os imigrantes/refugiados aprendendo sueco com uma professora também imigrante. Além de ensinar sueco para os alunos, ela fala um pouco sobre o comportamento dos suecos, como por exemplo a pontualidade, que é algo muito importante aqui.
Uma parte foi bem interessante, quando ela fala que os suecos gostam de respostas curtas, o que é muito verdade e que atrapalha bastante na hora de tentar manter um contato mais próximo com eles.
Em um outro momento, a professora fala que os suecos são muitos individualistas e que pensam somente neles mesmos.

Mostram também suecos que se unem para encontrar pessoas desaparecidas pelas florestas. O que pra mim, foi uma maneira sutil de falar sobre suicídios ou simplesmente de pessoas que desaparecem por algum tipo de crime ou acidente.

Mostram outros suecos que vão de contra essa corrente da solidão e se unem quase como "hippies" em florestas e buscam ter um contato mais físico com outras pessoas.



Um personagem do documentário, um médico cirurgião sueco, descobre num dos países mais pobres do mundo, a Etiópia (onde ninguém morre sozinho), riquezas humanas que a Suécia já perdeu. Ele se mudou para Etiópia com sua esposa e hoje ajuda a salvar a vida de pessoas em condições precárias. Muitas vezes fazendo gambiarras para salvar vidas. Ele diz que nunca se sente sozinho lá, que as pessoas estão sempre olhando e cuidando uma das outras, estão sempre juntas, seja na doença ou por qualquer outro motivo, mesmo no caos e na extrema pobreza. Pelas imagens dá pra ver que ele se sente feliz lá, que ele entra em contato com as pessoas, abraça, toca e sorri com elas. 



Demostrações assim de afeto, são bem raras na Suécia. As pessoas costumam ser bem discretas com demostrações de carinho, como um abraco forte ou até mesmo falar com uma pessoa mais próxima a você, existe meio que um espaço limite onde você pode chegar, caso contrario é meio que visto como "invasivo". As pessoas geralmente apertam as mãos ao se cumprimentarem e não se beijam, como nós brasileiros por exemplo, foi uma das coisas mais estranhas pra mim no início aqui e eu posso dizer que esse toque, faz bastante diferença entre as relações, pra mim pelo menos, mas aprendi a conviver com isso.

Se em algum momento você percebeu que a trilha sonora do documentário, não tinha nada haver com o que estava sendo mostrado, saiba que isso foi feito intencionalmente pelo diretor. Acho que ele fez isso por sarcasmo.

E por fim temos um sociólogo polonês fazendo algumas considerações sobre o que seria a felicidade e falando que a internet só vem atrapalhando a relação física entre as pessoas. Afirma que a independência não conduz à felicidade, mas ao vazio, à ausência de sentido e ao tédio. Os suecos deveriam redescobrir o valor do cuidado de uns para com os outros, mais do que o do Estado para com todos.



A teoria sueca do amor afirma que todos os relacionamentos autênticos devem se basear na independência entre as pessoas, que a família ideal na Suécia é composta por adultos independentes, trabalhando por si mesmos. 

Em vez de relacionamentos autênticos, o plano de independência e autonomia, levou à perda de relacionamentos humanos, com um grande número de suecos vivendo uma vida solitária. Os suecos conseguiram se tornar independentes, fortes, solitários e tristes.

Eu acredito que toda essa assistência que o estado proporciona para as pessoas é boa, mas ao mesmo tempo acaba distanciando-as. É aceitável solicitar assistência do governo, mas inaceitável chorar nos bracos de alguém ou pedir por ajuda/companhia.
A independência privou os suecos da capacidade de socializar, da capacidade de se conectar. A teoria sueca do amor argumenta que toda essa independência e modernidade, talvez, seja a raiz de toda a solidão. A independência é muito central para os valores suecos.

Esse filme documentário foi muito tocante pra mim, me sensibilizou muito, pois eu vi muita verdade em cada trecho dele. Eu já moro aqui a 5 anos e muitas vezes,  mesmo sabendo que tudo isso acontece aqui, eu me dei conta que eu nunca parei verdadeiramente para pensar nessas coisas, nessa solidão que as pessoas vivem aqui, disfarçada muitas vezes, de auto suficiência, independência ou seja lá o que for. As vezes eles até querem se socializar, mas muitas vezes não sabem como.

Me fez pensar que eu tenho que continuar respeitando o espaço individual das pessoas, mas ao mesmo tempo preciso me esforçar mais para entrar em contato com elas, pois são as relações humanas que nos tornam vivos e ativos e que precisamos sim uns dos outros e que são esses momentos juntos, sentimentos bons que vamos levar da vida, mais nada. E que também, a vida é muito curta para vivermos isolados do mundo a nossa volta.

Eu quis escrever um pouco sobre o filme documentário, fazer meio que um resumo dele, mas nada do que eu escrevi é exatamente o que está no filme, eu apenas escrevi o que eu entendi sobre ele e os pensamentos que me veio a cabeça ao assistir cada cena. E como eu falei acima, cada um vai ter uma percepção diferente, uma leitura diferente e é isso que é o mais legal, essa troca, pois cada pessoa pensa da sua maneira, tem suas preferências e fazem suas escolhas.

O filme me fez pensar muito no meu próprio futuro aqui na Suécia, qual o tipo de valor e de referências eu quero deixar para meus filhos, que ainda nem tenho, por exemplo.
Quero poder mostrar um dia para eles o que eu aprendi sobre o verdadeiro significado do que é ter uma família, do que é carinho, do que é amor.
Quero poder mostrar o melhor de ser brasileiro e o melhor de ser sueco, diante da minha percepção. Quero que eles sejam pessoas mais sociáveis, que aprendam a deixar as pessoas entrarem na vida deles, até porque eu não serei eterna. Quero que eles encontrem sempre um jeito de se divertir, provar sabores, valorizar as mudanças de clima, ter orgulho de suas raízes. Tarefa difícil, hein? Mais só de pensar que eu quero passar isso para outras pessoas, já me sinto um ser humano melhor. Já sinto que estou contribuindo para um mundo melhor para as futuras gerações. 

Pensei lógico, nos meus familiares mais idosos, sobre a qualidade da atenção que dou a eles hoje e a que vou querer receber no futuro. 

Acho que esse documentário me fez refletir muito sobre o valor da vida e das relações entre as pessoas.
Logo eu que sou uma pessoa que gosto de estar sozinha, que não sou a pessoa mais sociável do mundo, comecei a pensar que talvez seja a hora de mudar um pouco isso, pensando mais em um futuro onde serei esquecida, por ser da maneira que sou. Não tem como não pensar nisso. 
Hoje somos jovens, mas amanhã seremos idosos também.

Eu não acho mesmo que a independência seja algo negativo, muito pelo contrário, mas eu acho que tudo na vida tem que ter balanco, equilíbrio. Eu aprendi muito aqui sobre independência e auto confiança na Suécia e posso afirmar que é um caminho sem volta, é muito bom não depender de ninguém, ser dona de si e fazer o que quiser, a hora que quiser, da forma que achar melhor, mas as relações humanas existem e a gente não pode simplesmente ignorar isso.

Uma das muitas conclusões que fiz sobre o documentário é que as consequências de se isolar do mundo, de não tentar entrar em contato com as pessoas, é a solidão. É a solidão na sua forma mais triste, a do total esquecimento.

Espero que vocês também consigam refletir sobre algo e que esse filme documentário possa ser transformador para vocês, como foi para mim.
 

Gostaria muito de saber a opinião de vocês sobre o documentário. 
Fiquem a vontade nos comentários. 

Beijos, Pessoas! 
Até breve!


Fontes:















Comentários

  1. Fiquei com muita curiosidade para ver! Agora mais do que nunca, por ter uma filha 50% Sueca, convém ficar a conhecer esta cultura mais a fundo, mesmo os aspetos que são difíceis de entender. Beijos

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    Respostas
    1. Oi, Joana!
      Super recomendo, foi muito transformador para mim assistir esse filme documentário, espero que seja para você também.
      Eu adoro o seu blog.
      Beijos Rafaela

      Excluir

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